quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Quem é o Indie Gamer?

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Infelizmente ele ainda é uma figura mitológica. Não existe uma definição de “indie gamer” como existe no caso de “gamer casual” ou “hardcore gamer”: não conheci até hoje alguém que prefira jogos independentes aos produzidos pelas grandes produtoras. Como os indies começaram a ganhar espaço há pouco tempo, mais especificamente com a New Wave Indie - grupo que teve início em 2007 e se preocupava em criar jogos que fugissem da mesmice da atualidade - e com a atenção que a mídia especializada começou a dar para o setor após as premiações de alguns títulos, como Limbo e Minecraft.

Porém, mesmo com a popularização dos games independentes, ainda é possível perceber a disparidade de vendas entre os setores. Um exemplo disso é o genial Stanley Parable, um game indie de PC muito bem criticado pelos sites da área que conseguiu chegar a 1 milhão de cópias vendidas em apoximadamente um ano e dois meses. Super Smash Bros. de 3DS conseguiu, em um mês, vender 2,8 milhões de cópias. E vejam que eu estou falando de um portátil, bem menos abrangente do que um PC.

Outro fato importante sobre as vendas de jogos independentes é que elas são quase todas feitas durante promoções. De acordo com o Positech Games, a estimativa é de que 95% do dinheiro que a produtora independente ganha com o seu game vem na época que o game fica com um desconto. Não adianta ser de boa qualidade e arrecadar elogios nas análises, os gamers de hoje em dia não estão tão seguros assim para investir em produtoras desconhecidas, já que o número de jogos independentes cresce cada vez mais - e a quantidade de jogos de péssima qualidade cresce junto.

Para piorar a situação dos jogos produzidos por produtoras independentes ou grupo de indivíduos, a indústria tecnológica vem alimentando, cada vez mais, a cultura da glória por especificações de máquina; ou seja, se meu PC é mais poderoso e aguenta mais gráficos e resolução do que o seu, eu sou melhor do que você (bem no estilo “o meu é maior do que o seu”). Indie games, em sua maioria, não possuem gráficos tão altos e, por isso, acabam sendo vistos como desperdício de máquina por muitos jogadores. Já vi pessoas dizendo que não pagaram 8GB de RAM e uma NVIDIA de última geração para rodar “esse jogo pixelado que é Shovel Knight”.




Mas e This War of Mine que cosenguiu arrecadar toda o dinheiro da produção em apenas dois dias? Não chega a ser uma exceção à regra: o game independente não foi caro, logo, “se pagar” não quer dizer que é um sucesso de vendas. É só pensar assim, se eu gastei U$200 mil dólares na produção de um game e vender 30 mil cópias de U$20,00, é bem capaz que consiga custear o jogo.

Porém, sites de crowdfunding (financiamento de terceiros) começam a mostrar que existem sim gamers que investem em jogos independentes. Como foi o caso do jogo erótico Breeding Season, que conseguiu mais de 2 mil assinantes e recebe uma das maiores mensalidades do Patreon; ou de Mighty No.9, sucessor espiritual de Megaman que sempre consegue o valor pedido (e, olha, os produtores já devem ter aberto umas cinco campanhas no Kickstarter).

Por mais que os sites de financiamento em conjunto mostrem que alguns gamers se preocupam com os indies mesmo antes de eles serem lançados, é possível perceber que o setor ainda não está popularizado. São poucos os títulos “de peso”, a cultura tecnológica atual dá preferência para games mais bem produzidos e, quer queira ou não, a pegada artística da maioria dos indies perde espaço para o foco no entretenimento das grandes empresas. Mas quem sabe isso um dia muda - as produções AAA porcas atuais podem ajudar nisso (vide Assassin’s Creed Unity) - e você, quando perguntarem “quer um novo jogo independente no estilo Papers Please ou um novo GTA?”, mande a série da Rockstar ir para aquele lugar?
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Escrito por

Núcleo de jornalismo de tecnologia e games da Universidade Federal de Santa Catarina. Criado por estudantes, coordenado por estudantes e mal redigido por estudantes

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